Mercado de Carbono: Solução ou ilusão ambiental
Por Conteúdo e Produto
O mercado de carbono é um instrumento econômico. Um sistema de precificação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) que visa reduzir os impactos ambientais. A sua eficácia depende de uma estrutura regulatória forte e de um compromisso global real com a redução de emissões de gases.
Esse mercado permite que governos, empresas e indivíduos comprem e vendam permissões para emissão de carbono. Ele opera sob duas principais modalidades: o mercado regulamentado e o mercado voluntário
O mercado regulamentado foi criado por governos e organismos internacionais para estabelecer limites máximos de emissões para setores específicos da economia. Empresas que ultrapassam esses limites precisam comprar créditos de carbono de outras que poluem menos.
Leia mais: O que é a Pegada de Carbono e como calcular a sua
Já no mercado voluntário, empresas e indivíduos compram créditos para compensar voluntariamente suas emissões. Diferente do mercado regulamentado, pois as transações são feitas por vontade própria. Financiam projetos que removem ou evitam emissões de gases de efeito estufa, como reflorestamento e energia renovável.
Crédito: rawpixel.com
Quem controla o Mercado de Carbono?
O mercado de carbono está fortemente vinculado a acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris. A governança global envolve organismos, como a ONU, para estabelecer diretrizes, e os governos para implementar as regulamentações.
Conforme divulgado pelo Governo, a implementação do SBCE será realizada em 5 fases:
• Regulamentação inicial
• Operacionalização do sistema de monitoramento, relato e verificação (MRV) das emissões
• Início da obrigação de apresentar relatórios de emissões e planos de monitoramento
• Início do primeiro ciclo de alocação de CBEs e operacionalização dos primeiros leilões
• Implementação plena do mercado
Consulte o roteiro de implementação do SBCE clicando aqui.
O Plano Nacional de Alocação é um instrumento central para a operacionalização do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE). É um instrumento que define os limites de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a distribuição de cotas de emissão entre os operadores. Para saber mais sobre o Plano Nacional de Alocação clique aqui.
Precificação no Mercado de Carbono
A precificação no mercado de carbono depende do tipo de sistema adotado e das regulamentações estabelecidas pelos governos e organismos internacionais.
Alguns fatores influenciam a precificação do carbono, por exemplo:
As políticas climáticas e regulamentações: quanto mais rígidas as metas de redução de emissões, maior o preço do carbono.
A oferta e a demanda de créditos de carbono: havendo muitas permissões disponíveis, o preço pode cair; se houver escassez, ele sobe.
O custo das tecnologias de redução de emissões: quanto mais acessíveis podem reduzir o custo da descarbonização e impactar o preço dos créditos.
A intervenção governamental: estabilizar os preços e evitar especulação excessiva.
Capitalismo Ambiental
Em um mundo regido pelo capitalismo, existe o risco de que o mercado de carbono seja explorado mais como uma oportunidade de especulação financeira do que como um instrumento genuíno de mitigação climática. Enquanto algumas empresas e países realmente investem na redução de emissões, outras podem apenas compensá-las sem mudanças estruturais reais.
Poluição ambiental – Crédito wirestock
O mercado de carbono e o capitalismo estão interligados, pois ambos operam dentro de conceitos econômicos (oferta e demanda), precificação e incentivos econômicos.
Existe a possibilidade da existência de uma compensação sem redução real. Quando empresas compram créditos em vez de reduzirem efetivamente suas emissões, garantindo um direito de poluir e monetizando a poluição. Não ocorrendo uma real redução de emissões de gases.
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Empresas podem fingir ser sustentáveis sem mudanças reais. Greenwasing é o termo apropriado para essa situação. Greenwashing, ou “lavagem verde”, é uma estratégia de marketing que visa enganar os consumidores sobre a responsabilidade ambiental de uma empresa.
Isso reflete um dilema capitalista: equilibrar lucro e responsabilidade social. O mercado de carbono pode ser visto como uma ferramenta capitalista para enfrentar desafios ambientais. Porém, existe uma dificuldade de conciliar crescimento econômico com sustentabilidade.
Futuro do Mercado de Carbono
A tendência é que o mercado de carbono continue crescendo, impulsionado por maior regulação e novas tecnologias.
No entanto, para ser uma solução real para a crise climática, o mercado de carbono deve ser complementado com políticas públicas fortes e mudanças estruturais nos modelos de produção e consumo.
A crise climática exige ações concretas e imediatas. Apenas o mercado de carbono não resolve o problema. Políticas de transição energética, mudanças na matriz produtiva global e incentivos para a economia verde devem acompanha-lo.
Portanto, o mercado de carbono é fundamental para a sustentabilidade ambiental, mas não deve ser visto como uma solução isolada. Ele precisa ser aprimorado e alinhado a outras estratégias para garantir que a transição para uma economia de baixo carbono seja eficaz, justa e sustentável.
Sem uma transformação estrutural na economia global o mercado de carbono pode acabar sendo apenas um amenizador, em vez de uma solução para a crise climática.